Ontem, 19 de agosto, foi o World Humanitarian Day (Dia Mundial Humanitário), e nessa semana dois fatos me marcaram, o que me fizeram refletir ainda mais nesse dia.
Sou a idealizadora e cofundadora da Volunteer Vacations (VV), vou falando aos poucos sobre isso, mas em algumas palavras, somos uma agencia de viagem focada em voluntariado no Brasil e no mundo. Nossa missão? Não só proporcionar uma experiência de voluntariado em ajuda humanitária e ambiental, como capacitar cidadãos através de uma viagem VV. O voluntário constrói, atua, transforma e deixa um legado real e efetivo do qual pode se orgulhar. Estamos ajudando a formar um novo cidadão. Uma pessoa consciente de seus atos, ciente que não está sozinha no mundo e que leva da experiência a certeza que possui essa capacidade transformadora dentro de si.
Dentro da VV temos o que chamamos de missão VV, que é quando organizamos um grupo de voluntários para atuarem por um curto período focando em solucionar um problema local que é passado pelos nossos parceiros. E nessa semana acabei de chegar do sertão do Piauí, eu e mais 13 voluntários ficamos 5 dias em Acauã para atuar junto com a Boutique de Sonhos.
O que eu vi? Um grupo engajado, pessoas ajudando, se dedicando, suando, chorando, atuando de forma efetiva por puro altruísmo. Pessoas que dedicaram seu tempo livre, pagaram, saíram de suas casas, viajaram horas para simplesmente ajudar. Entregaram-se de corpo e alma a uma causa que estavam tendo o contato pela primeira vez, no país delas. Sai feliz, com a certeza de que podemos mudar o mundo! Que as pessoas estão sim dispostas a ajudar uma as outras.
Voluntários VV que atuaram no sertão do Piauí
No dia seguinte da minha chegada ao Rio de Janeiro, nas redes sociais e nos principais jornais, passo a ler e ver imagens tristes e chocantes de um menininho sírio, Omran Daqneesh, ele foi resgatado vivo dos escombros devido um bombardeio aéreo em Aleppo. 100 mil crianças como Omran estão na linha de frente da guerra síria.
Volto de uma viagem totalmente acreditada na humanidade, vendo e sentindo na pele, diariamente o poder que tem uma pessoa quando ajuda, olha para o próximo e se engaja, e ai me deparo com diversas notícias, religião separando pessoas, guerra, interesses políticos, etc. Mas continuo acreditando no nosso poder de ajudar e que o ser humano é bom.
Diante desse cenário passei a refletir e acreditar ainda mais em algo que reforço diariamente em meu trabalho e em minhas palestras, as empresas devem cada vez mais se engajar. Elas, junto com a sociedade e o estado, também podem e devem ser um agente de transformação, e é ai que entra o empreendedorismo social.
Existe uma nova forma de empreender, é aquele negócio que começa pelo o porquê da sua atuação, do seu produto ou serviço, resolve um problema social. Imagina uma sociedade em que cada empresa, tivesse como métrica o impacto social causado? O que temos hoje são empresas preocupadas com suas métricas comerciais e financeiras, e se cada uma que também tem o lucro como finalidade começasse a se comprometer e a exigir que suas equipes batessem metas de impacto social causado? A VV é uma empresa social, atuamos com métricas comerciais, financeiras, mas principalmente sociais. Nenhum serviço, viagem, sai sem impacto social real causado, nunca faremos somente por lucro, fica sem sentido; fica sem propósito. E é essa a palavra mágica, PROPÓSITO. Cada vez mais conheço pessoas em busca disso, desse sentido da vida, de atuação, cada vez mais me deparo com equipes, dentro de empresas, totalmente desmotivadas pela falta de propósito em suas metas, em suas funções.
É claro que temos hoje grandes empresas com institutos, projetos sociais, mas isso não é a finalidade dela, ela continua tendo somente o lucro e bater suas metas comerciais como objetivo final, logo, isso não soluciona, isso não traz envolvimento e engajamento.
A matemática é simples, empresas são geridas e feitas por seres humanos. Homens e mulheres precisam de uma motivação além da remuneração e bônus, trabalhar com propósito passa a ter mais sentido, a empresa impacta a sociedade assim como seu funcionário, que vai trabalhar mais feliz, engajado, atuante e por conseqüência, aquelas métricas comerciais serão todas alcançadas.
Por fim se tem uma atuação de sintonia em que a empresa não existe somente para beneficiar seus sócios e stakeholders, mas principalmente a sociedade como um todo, solucionando um problema social e impactando positivamente milhares de pessoas. Essa é a “magia” do empreendedorismo social e eu acredito nesse novo modelo.