E se o seu dinheiro pudesse ter o melhor uso possível com a função de fazer o bem? O que faria? Para quem destinaria? Por onde você começaria? Como deixaria um legado?
Foram esses questionamentos e a inspiração por Muhammad Yunus que originaram em 2012 o que viria a ser o Instituto Legado de Empreendedorismo Social. Pensando que o objetivo era o melhor retorno social possível para cada R$ 1 aplicado, nossos fundadores, James e Glaucia Marins, deixaram de ser doadores para se tornarem investidores sociais.
Para planejar e colocar suas ideias em ação, chamaram Rodrigo Brito e Liziane Silva, pessoas que tinham vasta experiência com projetos sociais e à frente da INK. Grande parte dos empreendimentos convencionais fracassam por falta de planejamento e gestão, algo que também ocorre com as iniciativas sociais. Para esse último grupo, pergunto: onde podem buscar conteúdo? Existem ferramentas adaptadas para problemas sociais - tão complexos – considerando um ambiente tão dinâmico? Elas estão disponíveis e de fácil alcance? Existe um ambiente que propicie a troca de conhecimentos e melhores práticas entre esses idealizadores e gestores?
A solução encontrada foi criar um projeto que visava selecionar iniciativas já implantadas, com resultados alcançados, e potencializá-las. Para isso, uma série de capacitações em temas de gestão seriam dados para que, estruturadas, fossem capazes de expandir seu impacto e concorrer a um prêmio de R$ 20.000,00 como estímulo para tal.
Estamos na terceira edição do Projeto Legado. Com 40 iniciativas capacitadas, 8 expansões de impacto financiadas, inúmeras ONGs e alguns negócios sociais, algumas percepções:
grande parte dos empreendedores sociais não se reconhece - e nem são reconhecidos - como tal. Para eles, são pessoas que identificaram um problema para o qual implantaram uma potencial solução;
a palavra “social” parece vir acoplada de voluntariado, assistencialismo, doação. O que leva a percepção de ser algo secundário à profissão, ter um objetivo pontual de curto-prazo e alto risco de insustentabilidade financeira.
Como poderíamos auxiliar nesse contexto e aprofundar nossos resultados? Ao invés de criarmos algo a partir de análises internas entre os idealizadores e realizadores do Projeto Legado, resolvemos ir além. Criamos uma pesquisa para identificar o que precisávamos ofertar a partir da percepção de atores considerados referência local e nacionalmente. Dividimo-los em três grupos: experts/pesquisadores socioambientais, responsáveis por institutos empresariais/financiadores de projetos, e os próprios empreendedores sociais.
A conclusão: falta visão crítica, estratégica e sistêmica; poucos sabem como trabalhar em rede e de fato o fazem; conhecimentos técnicos para conseguir executar e gerir um projeto social e clareza do modelo de negócios ajudaria para garantir impacto social mais expressivo; a comunicação precisa evoluir, no âmbito micro (dentro das equipes) e também no macro (entre atores, iniciativa privada, governo); e a mídia precisa estar envolvida, facilitando o acesso à informação e disseminando cases para sensibilizar mais pessoas.
Tínhamos o projeto e nossa pesquisa em mãos, mas seria suficiente? E se tivéssemos uma experiência in loco em algum dos centros renomados de inovação social? Fomos para a França, entender o que INSEAD vinha fazendo há 10 anos e de que forma ofertava seu ensino executivo em Empreendedorismo Social.
Qual o próximo passo para trazer algo ao Brasil de qualidade? Alianças estratégicas. Escolhemos a Amani Institute por defender um modelo educacional baseado em auto conhecimento, desenvolvimento de habilidades e experiência prática, que visa criar líderes preparados a resolver problemas do futuro (ao invés de correlacionar o aprendizado a conclusões baseadas em exemplos do passado). Além disso, a FAE Business School – que além de ser destaque como escola de negócios, nos confiou espaço para criar, envolveu seus profissionais e confiou no trabalho que já vínhamos executando . O resultado: a primeira pós-graduação em Empreendedorismo e Negócios Sociais do Sul do Brasil - sobre a qual escreverei melhor em breve aqui no blog.
Nossa nova frente de atuação é também o início da geração de recursos para o Instituto Legado. Ao longo da construção e execução do Projeto Legado, da idealização e agora coordenação da Pós-Graduação, verificamos um interesse crescente pelo tema. Mais que isso, temos o privilégio de conhecer inúmeras pessoas que dedicam seus dias, horas, conexões, conhecimento para transformar realidades.
Foi assim que surgiu a conexão com o Gabriel Cardoso. Temos em comum a admiração por empreendedores sociais e a ambição de criar um ambiente mais favorável para que suas iniciativas sejam impulsionadas. Por isso, esse espaço serve para abordarmos temas que consideramos relevantes, bem como apresentar cases dos empreendedores e das organizações que passaram pelo Instituto Legado, nos quais acreditamos e entendemos como inspiradores.
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ESPAÇO LEGADO
Assim inauguramos o Espaço Legado que trará mensalmente conteúdo com a experiência, o conhecimento, as histórias e o aprendizado adquirido pela equipe do Instituto Legado em empreendedorismo social.
Gabriel Cardoso