Recentemente a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou o resultado daquele que é considerado o maior ranking mundial de educação. A classificação foi estabelecida com base em resultados de testes de matemática, ciências e leitura (que foram aplicados nos países participantes) e não me surpreendeu que entre as 76 nações avaliadas, nós tenhamos ficado na 60ª posição.
Daí que resolvi fazer uma pesquisa rápida na internet sobre o posicionamento do Brasil em outros rankings internacionais de educação, já que desde que entrei na vida adulta ouço o nosso mau desempenho nesse tipo de classificação . Veja o que encontrei:
“Em ranking de educação com 36 países, Brasil fica em penúltimo” (OCDE, 2014).
“Em ranking internacional de educação com 40 países, Brasil ocupa 38ª posição” (The Economist Intelligence Unit, 2014).
“Estudantes brasileiros ficam entre últimos em teste de raciocínio” (Pisa, 2014).
“Brasil fica em 58º lugar entre 65 países que fizeram a prova PIS” (Pisa, 2013).
“Educação brasileira fica entre 35 piores em ranking global” (Fórum Econômico Mundial, 2013).
“De 127 países, Brasil fica em 88º lugar em ranking de educação” (Unesco, 2011).
Depois de alguns minutos de pesquisa resolvi parar, pois estava começando a ficar deprimido. Contudo lembrei que se quisermos construir um país melhor, precisamos antes entender nossas chagas para que assim possamos curá-las. “Mais inquietação, menos aceitação”.
Assim sendo, podemos tirar duas conclusões principais do triste panorama: (1) nosso modelo educacional predominante -- aí incluindo práticas pedagógicas, metodologias de ensino e demais ações -- é extremamente ineficaz e (2) o estado brasileiro –- por meio de seu atual governo e de todos os antecessores –- não possui vontade política e nem competência necessárias para alterar tal situação no curto e no médio prazo (arriscaria que nem no longo). Há aí um diagnóstico de nosso mal educacional: o Estado, responsável pela disseminação e melhoria da educação brasileira, não tem conseguido realizar o seu papel.
O monopólio estatal –- até porque inclusive a educação privada é excessivamente controlada -- tem gerado uma oferta educacional ultrapassada, sem qualidade e que não atende aquilo que é considerado aceitável em termos globais (e, em um mundo plano e globalizado, precisamos nos pautar por padrões globais). Como fiel depositário das esperanças nacionais o estado brasileiro também restringe por meio de leis, marcos e pesada burocracia, uma série de oportunidades que empreendedores poderiam aproveitar para propor soluções inovadoras e modelos educacionais com mais qualidade, eficiência e eficácia.
Penso que é hora de mudanças; está na hora da sociedade apoiar e incentivar empreendimentos no campo educacional. Mais do que isso: acredito que temos a obrigação de incentivar e fomentar o trabalho de empreendedores sociais para que assim consigam, por meio dos negócios sociais, auxiliar o Estado a alavancar nosso nome nos rankings mundiais de educação e assim possamos colher as consequências de um país mais educado: o que verdadeiramente importa.
Os negócios sociais são potencialmente mais ágeis, inovadores e eficientes do que o Estado. Além de gerar riqueza econômica, causam impacto social positivo.
Muitos negócios sociais já estão mexendo com a educação brasileira: a Geekie , por exemplo, oferece soluções educacionais personalizadas, adequando o ensino ao perfil de cada aluno (adaptive learning) e trabalha com o famoso modelo de um para um: para cada plataforma adquirida por uma escola privada, a empresa doa outra para uma escola pública. Simples, porém de grande impacto social!
Há também o grupo Sinapse Virtual, empresa de tecnologia voltada para a criação de soluções que potencializem o desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal dos brasileiros, ou ainda a Guten, uma startup que estimula as atividades de leitura, levando em conta o desenvolvimento intelectual dos leitores.
Exemplos não faltam e resultados também não. Quer ver? A Geekie já ultrapassou a marca de três milhões de alunos em todos os estados brasileiros (em 90% dos municípios) e mesmo assim, após ganhar diversos prêmios (Folha e IBM, por exemplo), continua buscando impactar a vida de mais pessoas. Por isso hoje a empresa é referência no país em educação e empreendedorismo social , tanto que esteve no Fórum Econômico Mundial para a América Latina e estará no Fórum Econômico Mundial, em setembro, na China. Em meu livro a Geekie é um dos exemplos de negócios sociais (clique AQUI para conhecê-lo).
Enfim, dentro do grande hospital que está tratando a educação braileira, a situação é grave. Somos um paciente muito propenso a sucumbir, porque o nosso tratamento é inadequado há décadas. E existe esperança? Sim. Penso que acreditar e estimular a ação de empreendedores sociais pode ser um bom remédio para a educação brasileira.
Gabriel Cardoso
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