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Gabriel Cardoso

Um remédio para a educação brasileira


Recentemente a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou o resultado daquele que é considerado o maior ranking mundial de educação. A classificação foi estabelecida com base em resultados de testes de matemática, ciências e leitura (que foram aplicados nos países participantes) e não me surpreendeu que entre as 76 nações avaliadas, nós tenhamos ficado na 60ª posição.

Daí que resolvi fazer uma pesquisa rápida na internet sobre o posicionamento do Brasil em outros rankings internacionais de educação, já que desde que entrei na vida adulta ouço o nosso mau desempenho nesse tipo de classificação . Veja o que encontrei:

Depois de alguns minutos de pesquisa resolvi parar, pois estava começando a ficar deprimido. Contudo lembrei que se quisermos construir um país melhor, precisamos antes entender nossas chagas para que assim possamos curá-las. “Mais inquietação, menos aceitação”.

Assim sendo, podemos tirar duas conclusões principais do triste panorama: (1) nosso modelo educacional predominante -- aí incluindo práticas pedagógicas, metodologias de ensino e demais ações -- é extremamente ineficaz e (2) o estado brasileiro –- por meio de seu atual governo e de todos os antecessores –- não possui vontade política e nem competência necessárias para alterar tal situação no curto e no médio prazo (arriscaria que nem no longo). Há aí um diagnóstico de nosso mal educacional: o Estado, responsável pela disseminação e melhoria da educação brasileira, não tem conseguido realizar o seu papel.

O monopólio estatal –- até porque inclusive a educação privada é excessivamente controlada -- tem gerado uma oferta educacional ultrapassada, sem qualidade e que não atende aquilo que é considerado aceitável em termos globais (e, em um mundo plano e globalizado, precisamos nos pautar por padrões globais). Como fiel depositário das esperanças nacionais o estado brasileiro também restringe por meio de leis, marcos e pesada burocracia, uma série de oportunidades que empreendedores poderiam aproveitar para propor soluções inovadoras e modelos educacionais com mais qualidade, eficiência e eficácia.

Penso que é hora de mudanças; está na hora da sociedade apoiar e incentivar empreendimentos no campo educacional. Mais do que isso: acredito que temos a obrigação de incentivar e fomentar o trabalho de empreendedores sociais para que assim consigam, por meio dos negócios sociais, auxiliar o Estado a alavancar nosso nome nos rankings mundiais de educação e assim possamos colher as consequências de um país mais educado: o que verdadeiramente importa.

Os negócios sociais são potencialmente mais ágeis, inovadores e eficientes do que o Estado. Além de gerar riqueza econômica, causam impacto social positivo.

Muitos negócios sociais já estão mexendo com a educação brasileira: a Geekie , por exemplo, oferece soluções educacionais personalizadas, adequando o ensino ao perfil de cada aluno (adaptive learning) e trabalha com o famoso modelo de um para um: para cada plataforma adquirida por uma escola privada, a empresa doa outra para uma escola pública. Simples, porém de grande impacto social!

Há também o grupo Sinapse Virtual, empresa de tecnologia voltada para a criação de soluções que potencializem o desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal dos brasileiros, ou ainda a Guten, uma startup que estimula as atividades de leitura, levando em conta o desenvolvimento intelectual dos leitores.

Exemplos não faltam e resultados também não. Quer ver? A Geekie já ultrapassou a marca de três milhões de alunos em todos os estados brasileiros (em 90% dos municípios) e mesmo assim, após ganhar diversos prêmios (Folha e IBM, por exemplo), continua buscando impactar a vida de mais pessoas. Por isso hoje a empresa é referência no país em educação e empreendedorismo social , tanto que esteve no Fórum Econômico Mundial para a América Latina e estará no Fórum Econômico Mundial, em setembro, na China. Em meu livro a Geekie é um dos exemplos de negócios sociais (clique AQUI para conhecê-lo).

Enfim, dentro do grande hospital que está tratando a educação braileira, a situação é grave. Somos um paciente muito propenso a sucumbir, porque o nosso tratamento é inadequado há décadas. E existe esperança? Sim. Penso que acreditar e estimular a ação de empreendedores sociais pode ser um bom remédio para a educação brasileira.

Gabriel Cardoso

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