Em nosso primeiro post da série “Inspire-se com empreendedores sociais brasileiros”, conversei com o jovem Rubenilson que lidera, juntamente com seus sócios, a Galt Vestibulares no Distrito Federal. Se você não leu, vale a pena! Basta clicar AQUI.
Hoje trarei uma contagiante entrevista que fiz com o Gérson, empreendedor responsável pelo projeto “O que eu trouxe na bagagem” que vai a escolas públicas e particulares da Baixada Fluminense (mas pretende ampliar para o resto do Brasil), motivando e orientando alunos sobre o poder transformacional da educação.
Caso você também seja um empreendedor social brasileiro e queira participar de nossa série; ou ainda, caso conheça um empreendedor social que tenha uma boa história para compartilhar no blog, entre em contato por AQUI que agendaremos uma entrevista.
Boa leitura!
1. Gerson, conte-nos brevemente sobre sua história pessoal.
Então, primeiramente eu gostaria de agradecer ao “Mude você, o mundo!” pela oportunidade.
Cara, minha mãe era uma dona de casa e meu pai pedreiro e eles sempre me incentivaram a estudar. Minha mãe levava eu e minha irmã Juliana todos os dias na escola pública que estudávamos e a gente vinha conversando sobre como foram as aulas, se tivéssemos dificuldades, ela nos ajudava e tal. Aí eu fui começando a tomar um enorme gosto pelo estudo.
Tinha mais facilidade com português, redação e, quando cheguei na quinta série, tive Inglês pela primeira vez. Queria de toda forma fazer um curso, mas em 2002 era muito caro e foi aí que meu pai ficou desempregado e passou a carregar entulhos e ganhar mais ou menos R$ 15 por dia para poder nos sustentar. Eu consegui um curso de inglês em uma instituição do governo carioca, que era muito difícil de se conseguir, pra você ter uma ideia, tinha que dormir na fila para chegar primeiro e conseguir uma vaga. Foi lá nesse curso que escutei a primeira vez a palavra INTERCÂMBIO.
Sempre que dava, ia para a lan house. Enquanto geral estava jogando Counter Strike, lendo os scraps no Orkut ou batendo um papo no MSN, eu procurava por intercâmbios, mas ao deparar com o alto preço, deixei para depois.
Ao terminar o ensino médio, em 2009, fiz uma prova para a Marinha e passei, morei um tempo em Vila Velha, Espírito Santo e em 2012 fui selecionado para um curso de barbeiro. Cortávamos muitos cabelos por dia e um dia estava levando o jornal para a barbearia e dei de cara com um anúncio que dizia que o jornal levaria quatro universitários para passar 3 semanas em uma universidade americana. Nessa época tinha acabado de passar para o vestibular de Relações Internacionais depois de 5 anos tentando passar e 2 trancamentos de curso por falta de dinheiro.
2. Qual foi o grande ponto de virada de sua vida?
Foi quando eu resolvi acreditar e responder a pergunta do prêmio do jornal que era “O Que você leva na bagagem?”. Fiz e ganhei.
Fui estudar inglês em uma universidade chamada “EverGreen State College”, cujo nomes como Kurt Cobain, do Nirvana, o rapper Macklemore e Matt Groening, criador dos Simpsons já passaram por lá.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a galera. Tinha gente de toda parte do mundo. Eu fiz amizade com um líbio que muito me ensinou sobre educação, dizendo ser a parte transformadora de um país. Pode parecer meio clichê, mas eu achei a mentalidade dele incrível e queria fazer mais pela educação do meu país.
3. Como funciona o projeto “O que eu trouxe na bagagem”?
Comecei quando voltei ao Brasil. Eu queria fazer algo pelas estudantes e queria começar na minha área, porque a galera ainda não entendeu que o futuro do Brasil, somos nós, os jovens, mas tem muita gente desacreditada sobre isso.
Então eles precisam de exemplos de pessoas que saíram da mesma realidade eu eles para que possam visualizar que é possível você chegar aonde quiser. Eu me dispus a ser esse “exemplo” e comecei a correr as escolas para que me cedessem pelo menos vinte minutos para contar a minha experiência de vida, como cheguei a faculdade e como foi ir lá pra fora.
4. Quais os maiores obstáculos que você enfrenta para colocar o seu empreendimento social, “O que eu trouxe na bagagem”, em prática?
As escolas que não queriam abrir. Não respondiam meus emails, desconfiavam quando chegava simplesmente para contar uma história e ser um bom exemplo (porque eu entendo que os maus exemplos para os jovens não pedem permissão para entrar). Mas eu não desisti, embora tenha me dado muita vontade quando esbarrei nesses obstáculos.
Eu escrevi um e-book eu se chama “O Que Eu Trouxe Na Bagagem” (VEJA AQUI), o mesmo nome do projeto e coloquei na internet, porque sabia que a escola não me deixaria entrar, mas tinha gente lá dentro que sequer me conhecia, mas que daria ouvidos ao que eu tinha para falar. Sendo que a história do “barbeiro viajante” tomou rumos estrondosos.
O que era pra ser algo regional, virou nacional. Os consulados americanos compartilharam o e-book, um site de intercâmbio chamado Estudar Fora, a Folha De São Paulo e até a presidente Dilma Rousseff.
5. O que você entende por empreendedorismo social e negócios sociais?
É quando você cria um negócio com intuito de ajudar a melhorar a sua comunidade ou seu país e que faz bem direta ou indiretamente a muitas pessoas.
6. E agora, Gérson? Quais são seus planos para o futuro?
Eu finalmente achei o que eu gosto de fazer. Antes eu ficava naquela “vibe” que todo jovem tem do “o que eu vou fazer no futuro”, “o que eu gosto de fazer”. Eu me sinto sortudo por ter encontrado.
Eu quero continuar tocando o projeto, mas quero fechar parcerias pra quem sabe no futuro poder fazer o intercâmbio algo acessível a todos, pois um contato com culturas diferentes muda você e muda o mundo também.
7. Por fim, que recado você deixaria para o jovem que está te lendo agora e que também pretende, de alguma forma, mudar o mundo?
Não desista em hipótese alguma.
De repente, você tem uma ideia que ninguém tem, mas está com medo de colocá-la para frente, preocupado em dar errado. Os erros fazem parte e você só vai saber que acertou quando os erros acabarem, certo?
A ideia de Mudar o mundo não é para todos, mas atinge a todos, então se você tem esse sentimento no seu coração, siga em frente, pois com certeza tem muita gente por ai que precisam dessa atitude protagonista sua para terem suas vidas mudadas.
Obrigado, Gérson, e parabéns por estar mudando o nosso país! Muito sucesso em seu projeto e em seus sonhos!
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