Hoje iniciamos uma série de entrevistas que retrarão a história, o percurso, a visão e a opinião de empreendedores sociais brasileiros.
Nosso primeiro entrevistado é o jovem empreendedor social Rubenilson Cerqueira, um dos líderes da Galt Vestibulares.
Caso você seja um empreendedor social e queira participar da série ou conheça um que tenha uma boa história para compartilhar no blog, entre em contato que agendaremos a entrevista.
Boa leitura!
Rubenilson: apresente-se aos nossos leitores. Fale um pouco sobre a sua história de vida.
Meu nome é Rubenilson Cerqueira de Natividade, sou um jovem de 25 anos, empreendedor social de Brasília, graduado em Relações Internacionais pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e Mestre em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília (CEAM/UnB) que busca o desenvolvimento consciente não só do meu Estado, mas também do meu país como um todo, especialmente no âmbito educacional.
Sou um Global Leader pelo Brasilia Without Borders com ênfase em empreendedorismo social certificado pela Arizona State University (ASU) e também membro do Observatório da Juventude (OJ) da UnB. Possuo experiência com trabalhos voluntários com jovens e adultos desde 2007.
Qual é o negócio social que você lidera?
Sou um dos fundadores do cursinho pré-vestibular/Enem gratuito Galt vestibulares. Atualmente além das atividades como fundador, também sou o Diretor de Comunicação e Relações Externas do cursinho.
Tenho a responsabilidade de trazer novos apoiadores e alcançar o público que acredita na educação como fator primordial gerador de oportunidades. Lidero o departamento executivo que está encarregado de gerenciar a publicidade, além de elaborar, produzir e promover campanhas publicitárias e anúncios referentes ao cursinho pré-vestibular.
Gerencio também a Assessoria de Imprensa e Coordenadoria de Eventos do Galt.
Como surgiu o GALT Vestibulares? Qual o sentido do nome?
O projeto surgiu no final do ano passado (2014) com o ideal de 4 jovens em contribuir para a nossa sociedade por meio da educação.
Victor Esteves, Priscilla Dalledone, Rodrigo Proença e eu decidimos criar algo que pudessemos continuar um trabalho que já exerciamos anteriormente. O cursinho é destinado para alunos oriundos do ensino médio público ou bolsistas integrais de instituições particulares.
O nome tem um significado bastante próximo, que defini, inclusive, os primordios do nosso trabalho. O nome “Galt” faz referência a um personagem chamado John Galt do livro “A Revolta de Atlas” de Ayn Rand (1957) que resumidamente tem princípios estabelecidos como a meritocracia, o empreendendorismo pessoal, o desenvolvimento de habilidades do ser humano e a força de sua mente usada ao seu favor e etc.
Assim como também John Galt é retratado como um ideal, pois seus valores determinam uma nova sociedade mais livre, independente e que representa os cidadãos que trilham um caminho para a realização de um sonho e que buscam, sempre, ultrapassar as barreiras que possam surgir no meio do caminho.
Conte-nos um pouco sobre seus estudos no exterior em Empreendedorismo Social. Como eles contribuíram para a criação do GALT?
Em setembro de 2014 viajei para os Estados Unidos para uma das maiores experiências da minha vida. Fui selecionado após concorrer com milhares de estudantes do Distrito Federal para representar os jovens empreendendores brasilienses na Universidade Estadual do Arizona (ASU).
O Programa Brasília sem Fronteiras tinha como objetivo principal impulsionar a formação de líderes, a geração de conhecimento, a competitividade, a criação de oportunidades e a melhoria da qualidade de vida do Distrito Federal e do Brasil. Além do que tive a oportunidade de durante 1 mês desenvolver a minha visão global, a capacidade de liderança e o comportamento empreendedor capazes de transformar positivamente o ambiente onde vivo. Durante esse período estive nas maiores empresas do mundo localizados no Vale do Silício na Califórnia. Empresas essas que são referências no mundo dos empreendendores como o Google, IBM, Yelp e outras, além das várias organizações não governamentais (ONGs) que focam no trabalho social como a The Salvation Army e muitas outras ligadas a diversas áreas como educação, saúde e meio ambiente.
Essa experiência foi fundamental para saber que eu também poderia contribuir para o desenvolvimento da minha sociedade e vi que como melhor alternativa para gerar mudanças e oportunidades eu teria que trabalhar com o que mais temos de preciosos, ou seja, os cidadãos.
Tive o apoio dos meus professores dos EUA durante as primeiras fases de criação do Galt Vestibulares e sei que estão bastante orgulhosos por terem despertado essa vontade de criar algo que seja importante e proveitoso para os nossos jovens do Distrito Federal.
E quais as principais dificuldades que você enfrenta como empreendedor social?
As principais dificuldades que temos sem dúvidas ainda são um apoio maior de líderes governamentais em reconhecer o trabalho que realizamos, pois estamos tentando suprir os problemas gerados pela má formação de políticas públicas de educação no Brasil. Assim como também, o apoio direto da Universidade de Brasília para o fortalecimento da cultura de voluntariado dentro da Universidade que sabemos que já é bastante forte, mas não tão frequente.
No início tinhamos bastante dificuldades com material para trabalharmos em sala de aula, mas felizmente os apoiadores começaram a aparecer e esperamos contar com o apoio de muitos outros cidadãos que acreditam no poder da educação para modificar a nossa realidade atual que é bastante precária para aqueles que pertencem aos grupos menos favorecidos financeiramente.
Atualmente funcionamos dentro de uma escola pública e isso trás fatores positivos e negativos, como positivo destaco a proximidade com o nosso público alvo e a disponibilidade da gestão da escola para desenvolvermos as nossas atividades, já como fator negativo creio que a autonomia e melhor organização do cursinho que somente uma sede própria nos proporcionaria.
Há algo em que você se arrepende?
Só me arrependo de não ter começado antes rsrs.
Em nenhum momento me arrependi de nada, pois tudo o que eu faço por esse projeto é algo também bastante pessoal. Eu também estudei a minha vida inteira em escola pública e compartilho das dúvidas, dificuldades e inseguranças que os nossos alunos passam nessa etapa de preparação.
Além do que, por compreender exatamente a importância do nosso trabalho eu me sinto extremamente motivado e tenho a certeza que o meu tempo dedicado a esses alunos não é perdido e sim posso considerar como um investimento em talentos brutos que jamais tiveram a oportunidade de se prepararem para o mundo competitivo que temos lá fora.
Para você, ser empreendedor social é:
Ser empreendendor social pra mim é ter boas ideias para solucionar problemas que permeiam a nossa sociedade e dificultam o desenvolvimento diário e de maneira horizontal, pois precisamos pensar no coletivo crescendo de maneira igualitária.
Vejo também como alguém com algumas habilidades bem aparentes como a criatividade, pro-atividade e com perfil de liderança para convencer as outras pessoas que elas também podem contribuir da sua maneira para o melhoria das condições do nosso país em vários setores emergenciais.
Que tipo de conselhos daria para aquele jovem que pensa em empreender socialmente no Brasil?
Primeiramente não desistir, pois sempre sugirão problemas no meio do caminho. Em segundo lugar eu considero que a persistência precisa acompanhá-los em todos os momentos nessa jornada, especialmente em contextos como negociações, pois nem todos acreditam e compram a ideia no primeiro momento.
Sendo assim, trabalhar o poder de persuasão é muito importante para “vender” uma ideia e mostrar o grande potencial e a importância que esse trabalho traz em um contexto geral e o impacto que ele pode gerar na sociedade.
Por último, sempre acreditar neles mesmo e no potencial que possuem para o desenvolvimento das atividade e se verificarem que não possuem todas as habilidades que o trabalho exige, sempre procurar mecanismos que possam proporcionar a qualificação necessária.
Deixe aqui um último recado aos leitores do blog.
Gostaria de destacar que o trabalho de um empreendedor social é extremamente importante e que tenho a absoluta certeza que todos conhecem alguém que tenha boas ideias e que por algum motivo não as colocam em prática.
Durante a minha passagem nos EUA tive contato com vários empreendedores que repetiam sempre a mesma fala incansavelmente. Eles diziam que errar faz parte do processo, não ter um retorno positivo faz parte do processo, inclusive fracassar nas primeiras, segundas ou terceiras tentativas faz parte de um processo que te levará ao sucesso.
Se vocês acreditam no impacto positivo que suas ideias possam gerar no meio em que vivem e futuramente em um contexto macro, vão atrás do que for necessário para por essas ideias em prática, pois as suas ideias e as iniciativas que podem ficar apenas no papel poderiam mudar a vida de muitas pessoas e inclusive as suas por estarem realizando trabalhos que irão lhes proporcionar desenvolvimento de habilidades, reconhecimento, aumento na sua carteira de network e especialmente lhes proporcionariam um sentimento mais humanitário por estarem cumprindo com os seus papeis de cidadãos.
Então não perca tempo e arrisque, se nada der certo, reformule a ideia e arrisque novamente, pois o fracasso anda junto com o sucesso. Uma hora o sucesso vem e vocês serão vistos como exemplos e acabarão despertando o interesse daqueles que estão próximos para também serem empreendedores sociais e trabalhar em pról da nossa sociedade.
Boa sorte para todos nós!
Obrigado, Rubenilson! Sucesso para você e para toda equipe da Galt Vestibulares!
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