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Gabriel Cardoso

O que os negócios sociais têm em comum com a economia de comunhão?


Há, atualmente, uma série de ações ao redor do planeta a buscar não ser contra, mas a favor das forças capitalistas e utilizá-las para atingir objetivos que estão além do simples crescimento econômico. Trata-se de um princípio oriental antigo, que estimula usar as forças da natureza a nosso favor, ao invés de lutar contra elas.

Grande parte de tais ações têm como base a solidariedade e buscam o desenvolvimento mais amplo de comunidades, cidades e nações. Trata-se daquilo que alguns estudiosos chamam de Socioeconomia, a qual podemos exemplificar com iniciativas como as organizações não governamentais, a filantropia, os negócios sociais, a cultura de doação, o empreendedorismo social e por aí vai.

Recentemente tive um breve contato acadêmico com a Economia de Comunhão (EdC). Primeiramente fiquei surpreso - assim como ficamos ao entrar em contato com conhecimentos até então desconhecidos - pois seu surgimento data de 1991 e hoje o projeto já se encontra em todos os continentes do planeta com 861 empresas participantes (dados de 2012).

A Economia de Comunhão congrega empresários, gestores, consumidores, trabalhadores, cidadãos, pesquisadores e demais operadores econômicos e possui as empresas como sua espinha dorsal. Estas decidem colocar em uso comum os próprios lucros segundo três finalidades de igual importância: “(1) ajudar as pessoas que estão em dificuldade, criando novos postos de trabalho e satisfazer as suas necessidades básicas através de projetos de desenvolvimento; (2) difundir a "cultura do dar" e da reciprocidade, sem a qual é impossível realizar uma Economia de Comunhão; e (3) desenvolver a empresa, que deve permanecer eficiente e competitiva, enquanto se abre à gratuidade”.

Após a leitura do excelente artigo, consegui encontrar muitas semelhanças entre a EdC e o empreendedorismo social. Na vida, eu gosto de exercitar a busca primeiramente das semelhanças, e isso acaba se desdobrando para os estudos. Mas naturalmente também surgiram algumas diferenças. Veja um pouco do que encontrei:

(a) Nas empresas da EdC, assim como nos negócios sociais, o desenvolvimento do negócio caminha paralelamente ao desenvolvimento do bem comum. As prioridades das empresas da EdC também são especiais e em ambos os casos há como objetivo principal enfrentar por meio dos negócios os desafios da época atual (uma época de transição que a sociedade enfrenta).

(b) Enquanto os negócios sociais podem ter seus lucros reinvestidos na empresa ou repartidos entre os acionistas – desde que os fins sociais tenham sido atingidos – as empresas da EdC utilizam o lucro para o desenvolvimento da própria empresa, para fins sociais e em estruturas para formação de “homens novos”.

(c) Tais empresas realizam suas atividades a partir do princípio de que o ser humano é o autor (aquele que realiza), o centro (aquele que é parte) e o fim (aquele ao qual é destinado) de toda a vida econômica social, gerando uma relação extremamente positiva tanto no âmbito externo, quanto no âmbito interno dessas organizações.

Penso, por isso, que alguns (ou vários) dos princípios e algumas (ou várias) das práticas das empresas da EdC podem (ou devem) ser analisados e aproveitados pelos empreendedores sociais brasileiros. De certa forma muitos deles podem auxiliar o empreendedor a cumprir os seus dois objetivos principais – impactar positivamente a sociedade e lucrar –, podendo desenvolver, por consequência, um modelo de gestão inovador.

Se você está a planejar o próprio negócio social ou já tem um que esteja administrando, não deixe de visitar o site oficial da EdC e colher aquelas informações que possam contribuir para sua realidade.

Gabriel Cardoso

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