Nada melhor do que uma boa leitura para nos inspirar, não é verdade?
Estou de cama nos últimos dois dias em virtude de uma forte virose e aproveitei o tempo para colocar a leitura em dia.
Antes de continuar o post, uma digressão:
[Sou viciado em livros e leitura; fascinado pelo poder que esses pequenos objetos exercem em nossas vidas. Se me perguntarem qual é minha maior paixão, responderei sem pensar que são os livros. Tal paixão é tão grande que quase todos os meus cinco sentidos são explorados quando entro em contato com os livros. A visão, ao apreciar belas capas, a diagramação, a tonalidade do papel e a formatação. A audição ao ouvir o passar de páginas e o toque ao repousá-lo em uma mesa. O tato ao tê-lo em minhas mãos e manuseá-lo com carinho e cuidado. Por fim o olfato, ao distinguir o cheiro de um livro novo ou uma obra usada e alimentar uma sensação decorrente de cada um deles. Na verdade, eu só não uso o paladar quando se trata de livros. Apesar de que um empreendimento social já utilizá-lo como bebida...rs
Há bem pouco tempo, ironizava os livros eletrônicos. Falava que jamais substituiriam o bom e velho livro. Equivoquei-me parcialmente. Penso que não irão substituir e sim complementar o livro físico, como pude constatar após adquirir um Kindle. O produto é fantástico e hoje sou um usuário defensor do livro eletrônico. Vale a pena o investimento em um desses aparelhinhos mágicos, investimento que, a depender do seu ritmo de leitura, irão se recuperar em poucos meses graças ao preço dos livros Amazon.]
Voltando ao post, peguei meu Kindle e resolvi ler o pequeno livro “Reaja!”, de Cristovam Buarque. O que me chamou a atenção e levou compra-lo (além do preço, R$ 2,84 na Amazon) foi o fato autor ter se inspirado em outro livro que me marcou.
Trata-se da obra “Indignai-vos!”, de Stéphane Hessel, que pode ser resumida pela passagem na qual o autor proclama: “Eu desejo a todos, a cada um de vocês, que tenham seu motivo de indignação. Isto é precioso. Quando alguma coisa nos indigna nos transformamos em militantes; fortes e engajados, nos unimos à corrente da história, e a grande corrente da história prossegue graças à cada um de nós”.
O autor foi preciso, pois realmente qualquer tipo de ação em prol da melhoria no mundo só surgirá a partir do momento em que nos indignamos com algo. A evolução da humanidade se deu sempre a partir do descontentamento. É a partir da indignação que reagimos àquilo que achamos injusto e errado. Cristovam, então, complementa a obra de Hessel e pede nossa reação diante de tudo que precisa ser mudado no mundo.
O que recomendo é que compre o livro, mas se não puder fazê-lo, selecionei 20 pequenos trechos por acreditar que possam servir de inspiração e combustível às suas ações em prol de um mundo melhor.
Ao se acostumar com mau cheiro, sujeira, barulho, eles começam fazer parte da gente.
Lute para criar o mundo como você gostaria que ele fosse. E quando conseguir, não se acomode.
Aprenda a chorar, mas não apenas por seus sofrimentos pessoais. Isto todos sabem. Aprenda a chorar pelo sofrimento dos outros,
[...]no lugar de querer um país rico para só então fazer a boa escola para todos, queira a boa escola para todos como o caminho de fazer o país rico.
Reaja ao sentimento de que a culpa é dos outros. Todos somos responsáveis, por ação ou por não agir, ao escolher a omissão e a alienação.
Na época em que o conhecimento é o principal vetor do progresso, deixar pessoas sem educação é como deixá-las fora da civilização.
Alfabetizarás o próximo como a teus próprios filhos.
Por isto, não se deixe levar pelo pessimismo, ainda sabendo que ele é mais lúcido do que o otimismo.
Sinta o orgulho de dizer não quando todos ao redor dizem sim.
Contra as aulas consumidas, aprendidas apenas até o dia da prova, o dia da prova servindo apenas para o dia da formatura e a formatura servindo apenas para o diploma.
Escolha a sua bandeira. Se nenhuma lhe satisfizer, crie uma nova e vá para a rua buscar aliados.
Não queira mudar apenas o sistema econômico e social, queira mudar a própria civilização atual.
Lembre que no mundo de hoje o capitalismo é um carro de luxo em alta velocidade na direção de um abismo jogando poeira no povo da margem; e o socialismo é um ônibus com velocidade um pouco menor que recolhe todos os que estavam na margem mas vai na mesma direção do precipício.
A nova utopia ainda não tem nome, cabe a você criá-la e batizá-la.
Essa utopia vai exigir um piso – social – mínimo, abaixo do qual nenhum ser humano e sua família serão abandonados, por mais pobre que seja; e um teto – ecológico – máximo, acima do qual ninguém poderá consumir qualquer que seja a sua renda; entre esses dois limites, uma desigualdade de renda e consumo será tolerada conforme a ascensão social de cada pessoa. A escola de qualidade igual para todos será a escada que definirá a posição social, conquistada livremente, conforme o talento, a persistência, os desejos e a vocação.
Reaja contra a ideia de que o mundo vai bem, apenas porque não vai tão mal quanto antes.
Milite em um partido para libertar e libertar-se, nunca para escravizar ou ser escravizado.
Só aceite as mensagens pelo conteúdo, nunca pela ordem nem pela embalagem de quem as diz.
Não aceite o sedentarismo, nem o sectarismo. O primeiro é a paralisia física, o segundo a paralisia mental:
Faça o mundo ser AV, Antes de Você, e DV, Depois de Você. É a isto que se chama razão de viver.
Essa pequena obra tem tudo aquilo que desejo aos meus leitores: reação!
Felicidades!
GC