Nasci e fui criado na Asa Norte, bairro de classe média em Brasília. Perto de onde morava havia um terreno enorme no qual seria construído um prédio, que usávamos como campo de futebol. Em Brasília, para quem não conhece, os prédios são horizontais.
Certa manhã acordamos para jogar bola, como de costume, e haviam levado as traves de madeira que faziam parte da pequena área de nosso campo. Para crianças de 8 anos, o que seria tragédia virou aventura e não pensamos duas vezes: resolvemos fazer uma vaquinha entre os moradores dos prédios vizinhos. Passamos de apartamento em apartamento recolhendo aquilo que podiam doar. Eles sabiam que contribuir para o campo de futebol era contribuir para o próprio sossego.
Esse episódio conta o primeiro contato que tive com a famosa vaquinha: a prática de juntar dinheiro por meio da contribuição de diversas pessoas. Cresci e durante a vida vi vaquinha sendo feita para tudo quanto é objetivo: ajudar na realização de viagens, comprar material escolar e até colaborar com enterro. Uma ideia simples e um hábito comum entre os brasileiros.
No início do século 21, a prática ganhou um nome bonito: crowdfunding (ou financiamento coletivo para nós brasileiros). Além do nome, os propósitos se tornaram mais nobres: ajudar, por exemplo, a recuperar regiões atingidas por desastres naturais. O que mais contribuiu para essa expansão foi a internet, já que as antigas vaquinhas agora poderiam se tornar além de locais, regionais, nacionais ou até mundiais.
Há arrecadação para todos os fins: projetos turísticos; filantropia; projetos políticos; arte e cultura; show e festas; novas ideias e, atenção, pequenos negócios! O padrão costuma ter pequenas variações entre os sites mais famosos, mas normalmente uma meta financeira é estabelecida para que o projeto seja viabilizado e caso essa meta não seja atingida, os doadores recebem o seu dinheiro de volta. Existem várias quantias diferentes que podem ser doadas e cada valor é vinculado a alguma contrapartida ou benefício do agente arrecadador.
Há ainda um modelo mais direcionado a empreendedores recém-chegado ao Brasil chamado equity crowdfunding. Nesse modelo os valores doados são convertidos em cotas de participação no futuro negócio, conforme detalha melhor o infográfico do Blog do Estadão.
Por isso resolvi escrever sobre financiamento coletivo, afinal você pode cogitar a arrecadação de fundos para uma etapa do seu negócio social - ou para o negócio como um todo - por meio de uma dessas plataformas. Confira as principais:
As próximas duas plataformas são direcionadas somente a projetos com impacto social e merecem maior atenção de sua parte:
Sabemos que os empreendedores sociais têm como objetivo, além do impacto social, a sustentabilidade econômico-financeira de seu negócio e que muitas vezes o capital é a maior causa impeditiva de abertura e continuação de boas oportunidades. Todavia, há que se comemorar essas facilidades que a internet está trazendo: o ambiente, nesse sentido, está melhor para nós do que foi no passado.
Visite os sites e comente aqui sua impressão.
Felicidades!
GC